A Saúde nas vitrines dos shoppings

  • Post publicado:29 de dezembro de 2024

Por: Luiz Henrique Soares

Em 15 de agosto de 2021, publiquei aqui no Portal Mercado e Gestão na Saúde sobre o crescimento de serviços de saúde em shopping centers. Mais de três anos depois, volto a este mesmo endereço virtual para conversar com vocês sobre como esse mercado evoluiu até 2024, deixando inúmeros indícios de expansões ainda maiores para 2025.

Mas antes, conheça abaixo os números do setor de shoppings no Brasil, sendo a Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce):

Fonte: Abrasce

Confesso que sou um apaixonado por shoppings desde criança. Meu encanto por esses espaços começou muito cedo e tinha três motivos principais:

  1. As lojas de brinquedos: Era fascinante “dar uma olhadinha” nos brinquedos promovidos pelas marcas em propagandas de televisão, principalmente nos canais de TV fechada dedicados a desenhos animados.
  2. Os lanches coloridos e divertidos: Comer nas lanchonetes que, a cada novo lançamento no cinema, presenteavam as crianças com brinquedos temáticos era uma experiência única. A televisão também tinha um papel crucial em despertar o desejo de consumir nesses lugares tão emblemáticos.
  3. Atividades recreativas: Os shoppings sempre foram locais de eventos memoráveis, como parques temáticos temporários, vilas de Natal, celebrações de Halloween e atividades do Dia das Crianças, muitas vezes promovidos por emissoras de TV locais. Essas experiências continuam a encantar o público até hoje.

Na adolescência, os shoppings se tornaram o ponto de encontro perfeito para nós, jovens sedentos por experiências e diversão. Lembro-me bem do auge das lan houses e do impacto cultural dos cinemas, com grandes lançamentos da época, como Matrix Reloaded (o segundo filme da franquia Matrix) e Todo Poderoso, estrelado por Jim Carrey. Ainda consigo me recordar das risadas contagiantes em uma sala de cinema lotada assistindo a esse filme incrível.

Hoje, adulto, o shopping permanece presente na minha vida e rotina como um espaço de compra, alimentação, conforto (estacionamento e climatização) e diversão. No entanto, algumas novidades passaram a fazer parte dessa rotina, como os eventos diversos que os shoppings agora abrigam.

Campus Party Goiás 2024

Já faz bons anos que tenho frequentado eventos corporativos e atividades ligadas ao mercado de trabalho em shoppings, como palestras nos cinemas, eventos de saúde e bem-estar, concertos musicais, e encontros de cultura nerd e pop, tecnologia e inovação. Em 2023 e 2024, tive a grande honra de palestrar na Campus Party Goiás, evento que acontece desde 2019 em um importante shopping da capital goiana.

É evidente que os shoppings centers vêm se tornando cada vez mais locais para consumo de serviços e vivência de experiências. Eles evoluíram para muito além de centros de compras, consolidando-se como espaços multifuncionais que conectam consumo, experiência e bem-estar.

Fonte: Valor Econômico

Essas transformações também provocam reflexões nos administradores de shoppings e gestores das grandes varejistas. De acordo com uma publicação do portal E-Commerce Brasil, que apresentou estudos da Atlantico, nosso país registrou um aumento das vendas online em 16%, o maior do mundo.

Mas, e o setor de saúde? Como ele vem fazendo parte de tudo isso?

Estamos acompanhando uma evolução gigante dos serviços de saúde presentes em shoppings, que incluem:

  • Redes e franquias de estética;
  • Clínicas e franquias de vacinação;
  • Clínicas médicas populares;
  • Clínicas odontológicas;
  • Clínicas para tratamento e acompanhamento do Autismo;
  • Laboratórios de análises clínicas;
  • Serviços de diagnóstico por imagem.

Em setembro deste ano, estive em Palmas, a linda capital do estado do Tocantins. Durante minha passagem, resolvi fazer um passeio em um dos principais shoppings da cidade, no final da tarde de um sábado de primavera, e encontrei um laboratório aberto. É muito tradicional no mercado que laboratórios funcionem aos sábados até o meio-dia, e muitos deles já abrem aos domingos pela manhã. No entanto, encontrar um laboratório funcionando no final da tarde de um sábado foi um modelo de trabalho muito interessante.

Fonte: Valor Econômico

Durante as minhas viagens a trabalho e acompanhando o mercado na capital onde resido, a linda Goiânia, faço questão de observar essa evolução dos serviços de saúde nos shoppings.

Recentemente, estive pela primeira vez em Valparaíso de Goiás, onde um mesmo shopping conta com duas clínicas populares, sendo uma delas vinculada a uma empresa de cartões de desconto. Além disso, havia pelo menos três clínicas de estética e uma clínica exclusiva de odontologia. Veja bem, tudo isso no mesmo shopping.

Em Belo Horizonte, um shopping muito famoso tinha uma clínica de mamografia. Isso mesmo que você leu, uma clínica de mamografia. Com certeza, nesse mesmo shopping, as clínicas de estética também estavam presentes. No interior de Goiás, realizando uma pesquisa de mercado para um cliente da Commerciare Gestão em Saúde, encontramos uma clínica de tratamento do Autismo em um shopping.

Passando por um dos shoppings na capital do país, Brasília, encontrei um espaço de um plano de saúde nacionalmente conhecido para venda de planos, além de um espaço de convivência para seus clientes. O lugar era muito bonito, aconchegante, cheio de móveis modernos e ainda mesclava consumo e experiência para o consumidor, como já vimos os aplicativos de carro e ônibus que implementam plataformas e quiosques para que seus clientes tirem dúvidas e esperem pelo serviço.

Aqui em Goiânia, temos diversos exemplos em nossos shoppings como laboratórios renovados, clínicas populares, clínicas de vacinação (franquias), estética (franquias) e até mesmo clínicas segmentadas, como o exemplo de uma clínica exclusiva de Oftalmologia. Mais recentemente, um projeto inovador e de luxo foi inaugurado em um dos principais shoppings da capital goiana:

Para 2025, o mercado aposta no crescimento dos serviços de saúde em shoppings. Esse crescimento reflete a mudança no comportamento de consumo desse tipo de serviço, seja pela comodidade de resolver várias coisas em um mesmo lugar, pela facilidade de acesso (próximo a estações de ônibus e metrô) pela segurança ou pelo conforto de contar com manobristas e vagas cobertas em dias de chuva.

E os custos de estar em um shopping?

Um dos principais desafios desse modelo de negócio é o custo. Estar em um shopping, que investe continuamente para atrair mais pessoas, promover campanhas e ativações, exige um alto investimento, equivalente à exposição e, dependendo do shopping, ao glamour.

Sabemos que um dos principais desafios da saúde no Brasil é o custo, seja dentro ou fora de shoppings. No cenário discutido aqui, o negócio precisa ser muito bem planejado e estruturado para se alinhar à realidade e ao perfil do público do shopping. O perfil de cliente também deve estar totalmente alinhado à proposta do shopping.

Nesse quesito, as franquias se destacam ao oferecer suporte aos franqueados, com modelos de marketing, gestão e vendas adaptados à realidade dos shoppings.

E a evolução do consumo?

Além dos custos, entender o momento certo é crucial. No passado, laboratórios não tinham a cultura de abrir aos domingos. Um laboratório no qual trabalhei, pertencente a um grupo nacional de Medicina Diagnóstica, foi pioneiro na capital goiana ao adotar o funcionamento dominical. Essa ação, inicialmente um investimento sem retorno, se mostrou bem-sucedida ao longo do tempo, levando concorrentes a seguirem a mesma estratégia.

Para operar em um shopping e cobrir seus custos, o fluxo de clientes deve ser diário, e o negócio precisa ter caixa suficiente para atravessar o período de maturação.

Fonte: Site Consumidor Moderno

E o futuro?

O consumo no Brasil e no mundo vem passando por constantes transformações. O advento do e-commerce e do consumo digital de conteúdos, produtos e serviços mudou a maneira como eu e você escolhemos o que consumir.

Para as empresas, sejam elas de saúde, serviços ou varejo, o desafio é atender seus clientes no maior número possível de formatos e canais de vendas. Criatividade, estudo de mercado e, principalmente, um entendimento atualizado do consumidor serão a base para a construção de estratégias eficientes.

Qual será a sua estratégia?