Por: Luiz Soares
Chegamos a 2024 e, num piscar de olhos, já estamos em março. Além dos sucessos musicais do carnaval, um dos temas mais discutidos até agora são os desdobramentos da Inteligência Artificial (IA).
Olhando para trás, podemos perceber o quanto 2023 foi um ano agitado e complexo.
Primeiro, devido ao grande prejuízo registrado pelas operadoras de saúde em 2022. Logo nos primeiros meses de 2023, as projeções dos resultados já demonstravam grandes perdas para as empresas ainda no primeiro trimestre, de acordo informações divulgadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Além disso, outros desafios surgiam para assustar ainda mais a vida de gestores da saúde. Problemas como o mau uso dos planos de saúde, os incentivos inadequados do setor, fraudes no reembolso médico e os grandes desperdícios que temos no setor trouxeram mais preocupações e tornaram o problema ainda mais grave.
Este foi o cenário da saúde em 2023, que resistiu bravamente até que notícias começaram a apontar a retomada do crescimento e o registro de lucros a partir do início do segundo semestre. Além dos resultados, o número de vidas seguiu em crescimento, mesmo que por meio de percentual mais tímido do que aqueles registrados nos anos anteriores.
Acompanhe abaixo o estudo realizado pela Commerciare Gestão em Saúde sobre nos números de vidas do setor em 2023 e os cenários para os próximos anos:
Em 2022, o crescimento do número de vidas da assistência médica foi de 3,45% (vide estudo realizado pela Commerciare) quando comparados com os resultados de 2021.
Em 2023, o crescimento do número foi para 2%. O resultado foi um crescimento menor e o registro da marca de 51 milhões de usuários na saúde suplementar no Brasil. Em relação a população. o país tem atualmente uma taxa de cobertura dos planos de saúde privados de 25% da população.
Ainda sobre a assistência médica, analisamos também o ranking das operadoras em relação ao número de vidas nacionalmente:
E os planos de saúde odontológicos?
Os números dos planos de saúde para a assistência odontológica continuam crescendo de forma expressiva, seguindo a tendência nacional dos últimos anos:
Uma informação importante deste mercado é o expressivo percentual de 70% dos planos de assistência médica que fazem parte da categoria “empresarial”.
Essa informação fortalece diversas teses do mercado que defendem a força das empresas por serem um dos principais financiadores da saúde privada no Brasil. Desta forma, o meio empresarial deveria posicionar no mercado e ainda participar das discussões nacionais de saúde, principalmente na busca por melhores opções de soluções assistenciais.
Publicamos aqui em nosso portal portal (clique aqui para ler) um resumo do livro “A culpa é do dono”, escrito pelo especialista em saúde suplementar Adriano Londres, que é um dos defensores dessa tese.
Em 2023, os números da saúde suplementar foram positivos. Mas será que a sustentabilidade do setor está garantida no longo prazo?
Para os prestadores de serviços (profissionais, hospitais, clínicas e laboratórios), o plano de ação é seguir com as estratégicas de relacionamento com as operadoras de saúde e o mercado:
- Gestão anual dos contratos de prestação de serviços com as operadoras, principalmente reajuste contratual anual;
- Manutenção do excelente relacionamento com as operadoras de forma personalizada;
- Criação um canal interno de discussão com as operadoras dos resultados e desfechos clínicos;
- Conhecimento dos custos operacionais;
- Desenvolvimento de grupos internos para gestão da experiência do paciente;
- Acompanhar as tendências do mercado em relação a novas fontes de receitas.
Temos um ano desafiador pela frente.
Atualmente, enfrentamos um cenário político menos adverso, mas ainda estamos lidando com os impactos crescentes dos custos operacionais dos prestadores e da sinistralidade das operadoras.
Como iremos sobreviver por mais um ano?
Se precisar de mais detalhes ou ajustes, estou à disposição.